Criado
componente fundamental para a computação spintrônica
Redação
do Site Inovação Tecnológica - 12/05/2017
O diodo
spintrônico é baseado em um memoristor, um componente que imita as sinapses do
cérebro. [Imagem: NIST]
Diodo spintrônico
Pesquisadores do Instituto
Nacional de Padronização e Tecnologia (NIST) dos EUA desenvolveram um
componente básico fundamental para o desenvolvimento da spintrônica.
Componentes spintrônicos
processam e transmitem informações usando o momento angular de cada elétron -
mais conhecido como spin do elétron -, em vez das cargas elétricas de trilhões
de elétrons fluindo na forma de uma corrente, como na eletrônica atual.
O resultado é que futuros
circuitos baseados nesse conceito serão mais rápidos e consumirão uma fração da
energia necessária para os equipamentos atuais.
Embora já existam demonstrações
de inteligência artificial com
spintrônica e uma estreita convergência da spintrônica com a
computação quântica, os componentes fundamentais dessa tecnologia
emergente ainda exigem tensões mais elevadas do que seria desejável para chips
verdadeiramente revolucionários.
Foi justamente esse problema que
Hyuk-Jae Jang e Curt Richter resolveram: eles modificaram um memoristor, o componente usado para construir
sinapses artificiais, para que ele funcione como uma chave liga/desliga de
correntes de spin, filtrando os elétrons com spins diferentes - essencialmente
um diodo spintrônico.
O problema de alta tensão
É o spin o que dá magnetismo às
coisas magnéticas: Cada elétron se comporta como um pequeno ímã, com dois pólos
opostos. Materiais nos quais a maioria dos spins dos elétrons está alinhada na
mesma direção (polarizada) produzem um campo magnético com a mesma orientação.
Elétrons com o mesmo alinhamento de spin passam facilmente através desse
material, enquanto elétrons com o alinhamento oposto são bloqueados.
Essa propriedade tem sido
explorada para fazer "válvulas de spin" microscópicas - tipicamente
um canal com uma camada magnética em cada extremidade. A polaridade relativa
dos dois ímãs liga ou desliga a válvula: Se os dois ímãs tiverem o mesmo
alinhamento, a corrente polarizada por spin passa através do canal; se os ímãs
tiverem alinhamentos opostos, a corrente não consegue fluir.
Esse diodo spintrônico é
"comutado" invertendo-se a polaridade de um dos ímãs, o que é feito
aplicando uma corrente suficiente de elétrons com a rotação oposta. No entanto,
inverter a polaridade do ímã gasta mais energia do que seria desejável.
Sinapse eletrônica vira diodo
spintrônico
Jang e Richter foram buscar uma
solução para o problema nos memoristores porque estes são essencialmente
sanduíches de diferentes materiais, com um eletrodo na parte superior e outro
na parte inferior, entre os quais estão uma camada de metal (condutor) e uma
camada óxido (mau condutor). Quando uma tensão é aplicada aos eletrodos numa
direção, a corrente flui e, invertendo-se a tensão, a corrente é desligada.
Eles descobriram que isso
acontece porque a corrente faz com que átomos do metal condutor se difundam e
interajam com o óxido - as camadas são extremamente finas - formando pequenos
filamentos através da camada isolante que funcionam como canais de baixa
resistência à corrente. Se a corrente é invertida, a camada de óxidos se livra
dos átomos metálicos e a resistência volta a subir, interrompendo a corrente.
Qualquer que seja o sentido da
corrente, assim que ela é desligada a resistência da camada de óxido fica
"congelada" no estado em que se encontra - é por isso que os
memoristores se "lembram" da última corrente que os atravessou,
permitindo que eles funcionem como sinapses artificiais.
A novidade é que esses mesmos
filamentos atômicos que se difundem pela camada de óxido permitem filtrar a
corrente pelo spin, seguindo o modelo tradicional das válvulas de spin - e com
baixas tensões e correntes.
"O que torna [nosso
componente] único é que você pode abrir ou fechar um canal de spin usando um
controle elétrico," explicou Jang. "E assim, com uma pequena tensão,
podemos ligar e desligar a corrente de spin em um tempo de sub-nanossegundo,
sem ter que inverter a polaridade do eletrodo ferromagnético de uma válvula de
spin. Essa operação de alta velocidade e baixo consumo de energia é essencial
para construir a futura tecnologia de lógica baseada em spintrônica para substituir
a atual tecnologia de eletrônica baseada em CMOS, usada para fabricar quase
todos os circuitos integrados hoje."
Bibliografia:
Organic Spin-Valves and Beyond: Spin Injection and Transport in Organic Semiconductors and the Effect of Interfacial Engineering
Hyuk-Jae Jang, Curt Andrew Richter
Advanced Materials
DOI: 10.1002/adma.201602739
Organic Spin-Valves and Beyond: Spin Injection and Transport in Organic Semiconductors and the Effect of Interfacial Engineering
Hyuk-Jae Jang, Curt Andrew Richter
Advanced Materials
DOI: 10.1002/adma.201602739
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