USP cria
aparelho que faz cegos sentirem obstáculos por sons
Divulgação/USP
USP de
São Carlos
O Instituto de Ciências
Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP),
em São Carlos, está desenvolvendo um equipamento que possibilitará a pessoas
com deficiência
visual enxergar obstáculos por meio do som. O aparelho detecta
os objetos ao redor da pessoa e produz sons, ouvidos via um fone de ouvido, que
dão ao usuário a sensação de estarem saindo dos objetos.
“A pessoa consegue sentir a
posição de onde vem o som. O som não está sendo emitido pelo obstáculo, é o
equipamento que detecta a posição do obstáculo e produz artificialmente um som
que parece estar vindo dali”, explicou o coordenador do projeto, professor do
ICMC Francisco José Mônaco.
O sistema, batizado de SoundSee,
funciona em um dispositivo portátil, menor do que um aparelho de celular,
que pode ser carregado no bolso. Segundo o professor, o equipamento usa um
mecanismo de ecolocalização, o mesmo do qual se utilizam alguns animais, como
os morcegos, que emitem sons e escutam o eco produzido pelos obstáculos para se
guiarem. Com o auxílio de um software, que calcula a posição dos obstáculos, o
aparelho gera sons tridimensionais que auxiliam o usuário a detectar a presença
dos obstáculos.
“O usuário, o deficiente visual,
no caso, tem a sensação, por meio dos sons, como se visse um obstáculo à
direita dele, uma porta à frente. Com o passar do tempo, com um pouco de
treino, o usuário começa a enxergar ou sentir o ambiente, sem que o aparelho
precise buzinar, ou falar obstáculo à direita, à esquerda. São as sensações
espaciais do som”, disse.
De acordo com o coordenador, para
aprimorar o sistema, estão sendo realizados estudos sobre o funcionamento da
orientação espacial psicoacústica, que é a capacidade do ser humano perceber a
direção de onde determinado som provem. “Por exemplo, é interessante saber como
criar sons que permitam ao usuário sentir a geometria do ambiente e verificar
como é possível propiciar uma substituição sensorial que, de certo modo,
permita ao deficiente visual enxergar por meio do som”.
O sistema começou a ser
construído em 2014, e está hoje na sua terceira versão de hardware. Os testes
do aparelho com deficientes visuais começarão a ser realizados ainda no
primeiro semestre. Até o final do ano, os pesquisadores esperam já ter um
produto praticamente pronto para ser fabricado em larga escala. “A equipe do
projeto está se preparando para realizar experimentos com deficientes visuais,
o que envolve rígidos protocolos de experimentação, pré-requisitos éticos e
cuidados especiais”.
A pesquisa do projeto, que terá
os resultados divulgados gratuitamente, teve a participação das professoras
Vanessa Nunes de Souza e Tarsila Curtu Miranda, do Centro Universitário Central
Paulista (UNICEP), e dos alunos-pesquisadores Renê de Souza Pinto, Rafael
Miranda Lopes e Lucas Crocomo, além de outros colaboradores.
Os estudos são realizados no
Laboratório de Sistemas Distribuídos e Programação Concorrente (LaSDPC), do
Departamento de Sistemas de Computação (SSC) do ICMC, com apoio do Núcleo de
Apoio a Pesquisa em Software Livre (NAPSoL) da USP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário