Elétrons nunca morrem
Redação do Site
Inovação Tecnológica - 30/12/2015
O detector Borexino é formado por sensores mergulhados em um tanque
esférico de aço de 13,7 metros de diâmetro, contendo 2.100 toneladas de água
ultrapura - tudo instalado nas profundezas de uma mina, protegido por 1.400
metros de rocha para evitar qualquer interferência externa. [Imagem: A.
Brigatti/INFN]
Vida infinita
De acordo com as medições mais precisas já feitas até hoje, o tempo de
vida de um elétron é de 66.000 yotta-anos, ou 6,6 × 1028anos.
Isto é cinco quintilhões de vezes a idade do Universo, de forma que é o
que mais se aproxima de um "tempo infinito" já medido pelo ser
humano.
Esta foi a conclusão dos físicos que trabalham no experimento Borexino,
no Laboratório Gran Sasso, na Itália - o mesmo que confirmou a teoria sobre a geração de
energia no Sol e ajudou a medir o calor gerado pela Terra.
O trabalho do Borexino é procurar indícios de que o elétron decai para
um fóton e um neutrino - um processo que violaria a conservação da carga
elétrica e apontaria para uma física além do Modelo Padrão.
Mas nenhum decaiu, e os dados indicam que, se algum decair, isso só vai
começar a acontecer depois dos tais 66.000 yotta-anos desde que os elétrons
foram criados - este seria o tempo mínimo de vida de um elétron, segundo os
físicos.
Lei da
conservação de carga
O elétron é o portador de carga
elétrica negativa de menor massa que se conhece. Se ele decaísse, a lei de
conservação de energia dita que o processo envolveria a produção de partículas
de menor massa - neutrinos, por exemplo, ou fótons, que não têm massa.
Mas todas as partículas conhecidas
com massas menores do que a massa do elétron não têm carga elétrica, de forma
que a carga do elétron teria que "desaparecer" durante esse processo
hipotético de decaimento, o que violaria a conservação de cargas, que é um
princípio que faz parte do Modelo Padrão da física de partículas.
Como resultado, o elétron hoje é
considerado uma partícula fundamental, que nunca vai decair.
No entanto, o Modelo Padrão não
explica adequadamente todos os aspectos da física e, portanto, a descoberta do
decaimento do elétron poderia ajudar os físicos a desenvolver um modelo melhor
da natureza.
Por essas medições, o elétron não
se mostrou disposto a colaborar com a elaboração desse tão esperado novo
modelo.
Bibliografia:
Test of Electric Charge Conservation with Borexino
M. Agostini et al. (Borexino Collaboration)
Physical Review Letters
Vol.: 115, 231802
DOI: 10.1103/PhysRevLett.115.231802
Test of Electric Charge Conservation with Borexino
M. Agostini et al. (Borexino Collaboration)
Physical Review Letters
Vol.: 115, 231802
DOI: 10.1103/PhysRevLett.115.231802
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