Metais líquidos abrem caminho para eletrônica
metamórfica
Redação do Site Inovação Tecnológica -
05/08/2016
A gota de metal líquido possui uma camada atômica semicondutora em sua
superfície (em cima). Embaixo, um dos aparatos experimentais usados para
demonstrar a técnica. [Imagem: Ali Zavabeti et al. - 10.1038/ncomms12402]
Eletrônica de estado maleável
Construir um robô metamórfico de metal líquido,
como o T-1000 da série Exterminador do Futuro, ainda pode estar longe no
horizonte, mas ir além da eletrônica de estado sólido, chegando a circuitos
flexíveis e macios e dinamicamente reconfiguráveis, está um pouco mais perto.
Toda a tecnologia eletrônica, dos
rádios aos celulares e computadores, se baseia em circuitos que usam
componentes de estado sólido, com trilhas metálicas fixas entre componentes
semicondutores igualmente rígidos.
Mas os engenheiros sonham em
criar componentes eletrônicos verdadeiramente elásticos - circuitos que possam
atuar de forma mais parecida com células vivas, movendo-se de forma controlada
ou autônoma para formar novos circuitos conforme a necessidade, em vez de
ficarem eternamente presos aos objetivos para os quais foram inicialmente
construídos.
Os metais líquidos, em especial
as ligas não-tóxicas de gálio, têm-se mostrado o caminho mais promissor para
realizar esse sonho. Além de serem extremamente maleáveis, cada gota de metal
líquido contém um núcleo metálico altamente condutor e uma película de óxido
semicondutor atomicamente fina - todos os elementos necessários para fazer os
circuitos eletrônicos da próxima geração.
Metais líquidos eletrônicos
[Imagem: Ali Zavabeti et al. - 10.1038/ncomms12402]
Ali Zavabeti, do Instituto Real
de Tecnologia de Melbourne, na Austrália, começou mergulhando pequenas gotas de
metal líquido em água. Ele descobriu que colocar gotículas em outro líquido com
um teor iônico quebra a simetria entre essas gotículas, permitindo que elas se
movimentem livremente em três dimensões.
"Simplesmente ajustar a
química da água faz as gotas de metal líquido moverem-se e mudarem de forma,
sem qualquer necessidade de estimulantes mecânicos, eletrônicos ou ópticos
externos. Usando esta descoberta, conseguimos criar objetos que se movem,
interruptores e bombas que podem operar de forma autônoma - metais líquidos
autopropelidos acionados pela composição do líquido circundante," explicou
seu professor Kourosh Kalantar-zadeh.
A equipe também conseguiu
decifrar como as cargas elétricas que se acumulam sobre a superfície das
gotículas de metal líquido, em conjunto com a sua película de óxido
semicondutor, podem ser manipuladas e utilizadas, o que permitirá a construção
dos primeiros circuitos lógicos.
Embora muito trabalho ainda tenha
que ser feito, a pesquisa estabelece as bases para o uso de "metais
líquidos eletrônicos" para fazer telas e outros componentes eletrônicos 3D
conforme a necessidade, além de circuitos metamórficos, que
possam ser reconfigurados para outras funções depois de terem sido fabricados.
Bibliografia:
Ionic imbalance induced self-propulsion of liquid metals
Ali Zavabeti, Torben Daeneke, Adam F. Chrimes, Anthony P. O’Mullane, Jian Zhen Ou, Arnan Mitchell, Khashayar Khoshmanesh, Kourosh Kalantar-zadeh
Nature Communications
Vol.: 7, Article number: 12402
DOI: 10.1038/ncomms12402
Ionic imbalance induced self-propulsion of liquid metals
Ali Zavabeti, Torben Daeneke, Adam F. Chrimes, Anthony P. O’Mullane, Jian Zhen Ou, Arnan Mitchell, Khashayar Khoshmanesh, Kourosh Kalantar-zadeh
Nature Communications
Vol.: 7, Article number: 12402
DOI: 10.1038/ncomms12402
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