Sete
processos químicos que precisam de inovações com urgência
Redação
do Site Inovação Tecnológica - 01/07/2016
Processos termais para separação química consomem de 10 a 15% de toda a
energia gasta no mundo.[Imagem: Luigi Chiesa/Wikimedia Commons]
Inovações em química
Pesquisadores estão sugerindo
concentrar os esforços de pesquisa e desenvolvimento em sete processos químicos
de separação que são altamente intensivos em energia, com o objetivo de
desenvolver versões de baixa energia.
Além de diminuir o uso de
energia, melhores técnicas de separação de produtos químicos a partir de
misturas deverão reduzir a poluição e as emissões de dióxido de carbono e abrir
novas rotas para obtenção de recursos críticos que o mundo precisa.
"Queremos ressaltar quanto
da energia do mundo está sendo usada para separações químicas e apontar algumas
áreas onde grandes avanços poderiam ser feitos por meio da expansão das
pesquisas. Esses processos são praticamente invisíveis para a maioria das
pessoas, mas há grandes recompensas potenciais - tanto para a energia quanto
para o meio ambiente - para o desenvolvimento de processos de separação
otimizados nessas áreas," afirmam David Sholl e Ryan Lively, do Instituto
de Tecnologia da Geórgia, nos EUA.
Intitulada "Sete
separações químicas para mudar o mundo", a lista não pretende ser
exaustiva, mas destaca alguns dos processos industriais mais importantes na
atualidade.
1. Hidrocarbonetos a partir do petróleo bruto
Hidrocarbonetos do petróleo são
os principais ingredientes para produzir combustíveis, plásticos e polímeros -
elementos-chave para a economia mundial. A cada dia, de acordo com o relatório,
as refinarias de todo o mundo processam cerca de 90 milhões de barris de
petróleo bruto, utilizando principalmente processos de destilação atmosférica, que
consomem cerca de 230 gigawatts de energia por ano, o equivalente ao consumo
total de energia do Reino Unido.
A destilação envolve o
aquecimento do óleo cru para capturar diferentes compostos à medida que eles
evaporam em diferentes pontos de ebulição - um processo chamado destilação
fracionada. Encontrar alternativas é difícil porque o óleo é quimicamente
complexo e deve ser mantido a temperaturas elevadas para manter o espesso óleo
bruto fluindo.
2. Alcenos de alcanos
A produção de alguns plásticos
requer alcenos - hidrocarbonetos, tais como o etano e o propeno, cuja produção
anual é superior a 200 milhões de toneladas. A separação do eteno a partir do
etano, por exemplo, tipicamente requer destilação criogênica de alta pressão.
Técnicas de separação híbridas
que usem uma combinação de membranas (filtros muito finos) e de destilação
poderiam reduzir o uso de energia por um fator de dois ou três, mas podem ser
necessários volumes gigantescos de materiais para filtragem - até um milhão
de metros quadrados de membrana para uma única indústria química.
3. Gases de efeito estufa de emissões diluídas
A emissão de dióxido de carbono e
de hidrocarbonetos como o metano contribuem para a mudança climática global. A
remoção desses compostos a partir de fontes diluídas, como as emissões de
usinas de energia, pode ser feita usando amina líquida, mas remover o dióxido
de carbono da amina exige calor. Por isso são necessários métodos menos
dispendiosos para a remoção do CO2.
Membranas, ou filtros muito finos, com novos materiais, como os nanotubos de carbono, são
promissoras, mas ainda precisam chegar à escala industrial. [Imagem: LLNL]
4. Metais de terras raras a partir de minérios
Elementos das terras raras são
utilizados em ímãs, catalisadores e em LEDs, entre muitas outras aplicações de
alta tecnologia.
Embora esses materiais não sejam
realmente raros, é difícil obtê-los porque eles ocorrem em quantidades muito
pequenas, devendo ser separados a partir de minérios com baixa concentração,
utilizando processos mecânicos e químicos complexos. Virtualmente qualquer
novidade será bem-vinda.
5. Urânio da água do mar
A energia nuclear poderia fornecer eletricidade
adicional, mas as reservas de urânio do mundo são limitadas. No
entanto, há mais de quatro bilhões de toneladas do elemento dissolvidas nas
águas dos oceanos. A separação do urânio da água do mar é complicada pela
presença de metais como o vanádio e o cobalto, que são capturados juntamente
com o urânio pelas tecnologias existentes.
Processos para obtenção de urânio
a partir da água do mar têm sido demonstrados em pequena escala, mas eles
precisam ser melhorados antes que possam fazer uma contribuição substancial
para a expansão da energia nuclear.
6. Separar derivados do benzeno
O benzeno e seus derivados são
essenciais para a produção de muitos polímeros, plásticos, fibras, solventes e
aditivos de combustível. Hoje estas moléculas são separadas usando colunas de
destilação com o uso de uma energia anual combinada de cerca de 50 gigawatts.
Avanços em membranas ou absorventes poderiam reduzir significativamente o gasto
de energia.
7. Contaminantes-traço da água
A dessalinização já é crítica
para satisfazer a necessidade de água potável em algumas regiões do mundo, mas
o processo é intensivo em energia e em capital, tanto para os processos de
membrana como para os de destilação. O desenvolvimento de membranas mais
produtivas e mais resistentes a incrustações poderia reduzir os custos.
Bibliografia:
Seven chemical separations to change the world
David S. Sholl, Ryan P. Lively
Nature
Vol.: 532, 435-43
DOI: 10.1038/532435a
Seven chemical separations to change the world
David S. Sholl, Ryan P. Lively
Nature
Vol.: 532, 435-43
DOI: 10.1038/532435a
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