Com
tratado transpacífico, Mercosul e Europa podem acelerar acordo.
- 06/10/2015 15h30
- Brasília
Daniel
Lima – Repórter da Agência Brasil
O tratado transpacífico põe “boa pressão” para que
haja acordo comercial mais rápido entre o Mercosul e União Europeia, disse o
ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro.
”Acho que eles [europeus] precisam também fortalecer esse eixo à medida que os
Estados Unidos se fortalecem em uma área da América do Sul. Os
europeus precisam responder a isso”, disse.
Após quase cinco anos de negociação, Austrália,
Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura,
Estados Unidos e Vietnã anunciaram ontem (5) o chamado Tratado Transpacífico de
Comércio Livre (TPP, sigla em inglês). O acordo já é considerado o maior tratado
de livre comércio celebrado na história mundial e reúne 40% das riquezas do
mundo.
Armando Monteiro informou que a troca de
propostas entre o Mercosul e a União Europeia deverá acontecer até o
início de novembro. Na quinta-feira (1º) e sexta-feira (2) passadas,
as delegações do
Mercosul e da UE encontraram-se no Paraguai para acertar os últimos
detalhes.
A Confederação Nacional da Indústria
(CNI) espera que o Brasil acelere as negociações comerciais,
principalmente com a União Europeia, agora que foi fechada a Parceria Transpacífico. A CNI declarou também que acompanha
com preocupação a criação do novo bloco porque o
“acordo mostra que enquanto o mundo se fecha em grandes blocos,
Brasil e Mercosul continuam isolados”.
O vice-presidente executivo da Associação de
Comércio Exterior do Brasil (AEB), Fábio Faria, disse que a urgência do
acordo do Mercosul com a União Européia visa a evitar que o Brasil perca
espaço no mercado internacional. Ele acrescentou que o atual momento do
comércio internacional exige que Mercosul avance com as negociações com a
Europa.
“Lamentavelmente, estamos há quase 16
anos negociando sem chegar a um termo. Entendemos que esse é um mercado
importante para o Brasil e continuamos a defender que nos aproximemos também
dos Estados Unidos e possamos negociar acordos semelhantes com outros
países”, disse o representante da AEB.
Para Fábio Faria, ainda é cedo para
dimensionar o impacto do tratado transpacífico para o comércio exterior do
Brasil. Observou que o acordo transpacífico precisa ser ratificado pelos congressos dos
países integrantes do novo bloco e muitos detalhes não são conhecidos. “Acho
impossível, neste momento, fazer um exercício para dimensionar os prejuízos
decorrentes do tratado para o Brasil”.
Ele acrescentou que, para o Brasil, haverá menos
prejuízos na parte de commodities [matérias-primas].
Segundo Fábio Faria, na parte de industrializados, “o Brasil poderá perder
competitividade”. E acrescentou: “Os países que fazem parte do acordo terão
benefícios que nós não teremos, pois haverá tarifa zero entre eles”, disse.
O professor de Relações Internacionais da
Universidade de Brasília (UnB), Argemiro Procópio Filho, criticou a demora
do Mercosul em implementar acordos de livre comércio com a União Europeia.
Para o Argemiro, é preciso mais audácia e rapidez. “O Brasil já tem muitos
acordos com a União Europeia. O problema é a implementação. Acordo de intenção
a gente já tem demais. É bom lembrar também que a implementação de acordos é feita
sob o guarda-chuva do Mercosul e, por isso, estão muito devagar”.
Mesmo com a demora no acordo entre o Mercosul e a
União Europeia, a Parceria Transpacífico pode ser boa para o Brasil na
avaliação do professor Procópio Filho. Segundo ele, o país poderá se beneficiar
porque tem projetos com os países da América do Sul, que passam a integrar o
novo bloco. “Não é ruim para o Brasil, que é um país do Oceano Atlântico. Acho
que é interessante porque estamos com alguns projetos”.
Citou, como exemplos, a construção de uma rodovia
no Peru. E, com o Chile, a utilização de portos do Oceano Pacífico para
transportar produtos agrícolas, como a soja, e minérios para a China.
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