GPS submarino
Os sistemas de posicionamento
global via satélite - tipo o GPS dos Estados Unidos, o Galileo
da União Europeia, o GLONASS
da Rússia e o Beidou da China - são muito bons, mas a Terra tem 75%
da sua superfície coberta por oceanos.
Como esses sistemas dependem de
ondas de rádio, que se atenuam rapidamente em líquidos, incluindo a água do
mar, a navegação no fundo mar continua sendo uma fronteira inexplorada.
Para rastrear objetos submarinos
como drones ou baleias, os pesquisadores contam com a tradicional sinalização
acústica, mas os dispositivos que geram e enviam som tipicamente requerem baterias volumosas
e de curta duração - gerar sons gasta muita energia -, que precisam ser
trocadas regularmente, um inconveniente para robôs de pesquisa ou sinalizadores
presos aos animais, que deveriam funcionar por anos a fio.
Reza Ghaffarivardavagh e seus
colegas do MIT, nos EUA, apresentaram agora uma solução de navegação sônica sem
baterias, que eles batizaram de Localização Subaquática por Retroespalhamento.
Em vez de emitir seus próprios
sinais acústicos, o sistema reflete sinais modulados do ambiente, fornecendo
informações de posicionamento com energia líquida zero.
O truque está no uso de materiais
piezoelétricos, materiais geram sua própria carga elétrica em resposta ao
estresse mecânico, como serem atingidos por ondas sonoras vibratórias. Os
sensores piezoelétricos podem então usar essa carga para refletir seletivamente
algumas ondas sonoras de volta. Um receptor traduz essa sequência de reflexos,
chamada retroespalhamento, em um padrão de 1s (para ondas sonoras refletidas) e
0s (para ondas sonoras não refletidas). O código binário resultante pode conter
qualquer tipo de informação, como as lidas por sensores de um veículo submarino
de pesquisa, por exemplo.
Precisão contra velocidade
Em princípio, essa técnica sônica
pode fornecer informações de localização. Uma unidade de observação pode emitir
uma onda sonora, então cronometrar quanto tempo leva para essa onda sonora
refletir no sensor piezoelétrico e retornar à unidade de observação. O tempo
decorrido pode ser usado para calcular a distância entre o observador e o
sensor piezoelétrico. Mas, na prática, temporizar o retroespalhamento é complicado,
porque o oceano funciona como uma câmara de eco, além de as ondas sonoras
viajarem refletindo-se entre a superfície e o fundo do mar.
Os pesquisadores superaram esse
problema de reflexão usando "saltos de frequência": Em vez de enviar
sinais acústicos em uma única frequência, a unidade de observação envia uma
sequência de sinais em uma faixa de frequências. Cada frequência tem um
comprimento de onda diferente, de modo que as ondas sonoras refletidas retornam
à unidade de observação em diferentes fases. Ao combinar informações sobre o
tempo e a fase, o observador pode apontar a distância até o dispositivo de
rastreamento e fornecer sua localização.
A equipe agora está se dedicando
a superar uma deficiência: Enquanto diminuir a taxa de transmissão dos pulsos
sônicos melhora a precisão da localização, o monitoramento de objetos em
movimento exige que essa taxa seja mais alta. No estágio atual, a técnica
permite acompanhar um objeto em movimento no oceano usando uma taxa de 10.000
bits/segundo, mas a melhor precisão é obtida a 2.000 bits/segundo.
Bibliografia:
Artigo: Underwater Backscatter Localization: Toward a Battery-Free Underwater GPS
Autores: Reza Ghaffarivardavagh, Sayed Saad Afzal, Osvy Rodriguez, Fadel Adib
Revista: Proceedings of th Association for Computing Machinery Hot Topics in Networks workshop
DOI: 10.1145/3422604.3425950
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